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ANDRÉ CARNEIRO

          Nascido em Atibaia, André Carneiro (09/05/1922 – 04/11/2014) fez o curso primário na Escola Municipal José Alvim, tendo recebido aulas da Profa. Aracy Bueno Conti. Aos 10 anos é matriculado, interno, no Colégio Arquidiocesano de São Paulo, de onde regressa para prosseguir os estudos em Atibaia. Na juventude, estuda na Faculdade Alvares Penteado, assiste cursos em outras instituições e inicia-se no jornalismo, publicando, no mesmo dia, em dois jornais.

          No final da década de 1940 e início dos anos 1950 atua como agitador cultural e, junto com César Mêmolo Jr., cria uma Biblioteca comunitária, posteriormente doada ao município como Biblioteca Pública. Cria, também, com um grupo de amigos, um Clube de Cinema, organiza sessões de música erudita, e dirige o Clube Recreativo Atibaiano e o jornal O ATIBAIENSE, onde mantém uma página literária. Nesse mesmo período entrevista o poeta Carlos Drummond de Andrade e ganha o Prêmio da revista literária “Vamos Ler”, do Rio de Janeiro, com o artigo “O desenho das crianças”.

Em 1949, participa do Primeiro Congresso Brasileiro de Poesia (ato de batismo da Geração de 45) realizado em São Paulo, tendo sido eleito secretário do evento. Cria, em parceria com Dulce Carneiro e César Mêmolo Jr. o jornal literário Tentativa, de grande repercussão nacional e internacional, com correspondentes na América Latina e na Europa. Nesse mesmo ano, sob os auspícios do Clube de poesia e pelas mãos do poeta Cassiano Ricardo, publica o primeiro livro, Ângulo e face, com recepção elogiosa de Sérgio Milliet, Stephen Spender, Oswald de Andrade, Luiz Martins, entre outros.

          Nos anos seguintes, atua como diretor municipal de Cultura e Turismo, como Secretario da Sociedade Amigos de Atibaia (que garante à cidade o título de Estância Hidro-Mineral e Turística) e como Secretário do Sindicato da Indústria e Comercio do qual é o representante no Primeiro Congresso da Federação da Indústria e Comercio, tendo redigido a Declaração de Princípios e a proposta de o Brasil reativar as relações comerciais com a União Soviética, fato de grande repercussão à época.

          Em 1955, organiza com Ruth Diem e Dulce Carneiro a 1ª Exposição Oficial de Pintura de Atibaia, com a mostra inaugural de obras de Aldo Bonadei, Cicero Dias, Di Cavalcanti, Flávio de Carvalho, Flexor, Milton Dacosta, Anita Malfatti, Aldemir Martins, Quirino da Silva, Maria Leontina, Sergio Milliet Filho e Walter Levy. Nos anos seguintes, recebe importantes prêmios no Brasil e no exterior, obtendo repercussão internacional com a sua obra de ficção científica. Em 1967 publica o ensaio Introdução ao estudo da science fiction, primeira obra do gênero no Brasil. Em 1972, tem um dos seus contos publicado nos Estados Unidos pela editora Putnam que se refere ao escritor como “internacional master”.

          Autor reconhecido pela crítica especializada, André Carneiro foi traduzido em mais de uma dezena de países, a exemplo de uma edição universitária americana – “A contemporary literature program” – em que aparece ao lado grandes nomes da literatura mundial como Anton Chekhov, Aldous Huxley, Alexandre Solzhenitsyn, Gabriela Mistral, Bertold Brecht, Rabindranath Tagore, D.H. Lawrence e Jacques Prévert.

          Atua também no cinema, primeiro com filmes artísticos e experimentais, ainda na década de 1950, tendo ganho prêmios e representado o país na Inglaterra, França e Itália. Atua depois como fotógrafo e como roteirista, atividades nas quais também foi premiado. Fora do set, permanece ligado ao cinema, tendo obras adaptadas para esse gênero. Seu conto O Mudo (1963) é vertido em longa metragem (Alguém, 1970) dirigido por Júlio Silveira, com Nuno Leal Maia e Míriam Rios. Outro texto, O homem que hipnotizava (1963), é adaptado pela TV Globo para a série “Caso especial”, cujo episódio “Mergulho no espelho” foi proibido pela censura do governo militar.

          Como conferencista, foi convidado de importantes universidades no Brasil, Argentina, Estados Unidos e França, onde recebeu o título de “Membre D’Honneur” da “Academie Ansaldi”, de Paris e a Medalha de Prata da “Sociéte D’Éducation et Encouragement”.

Com 17 livros individuais publicados até o momento, além da participação em dezenas de antologias, André Carneiro deixou uma obra literária que pode ombrear com as mais importantes da literatura contemporânea. Deixou também várias obras inéditas, entre as quais, contos, fotografias e 13 livros de poemas.

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